quinta-feira, 7 de junho de 2012

HERDADE DO MOUCHÃO, VISITA E PROVA


Herdade do Mouchão, este emblemático nome do Alentejo que produz vinhos, azeite, cria borregos, cerca de 1000 e outras coisas. Uma herdade com cerca de 950 hectares, dos quais 38 hectares são com vinha. Foi por meio de Edite Alexandre, responsável pelo marketing da herdade, que recebi o convite para estar presente no Bloggers Day, que se realizou no passado dia 2 de Junho, ao qual me juntei a outros colegas. Fomos recebidos por John Fordyce, que após uma pequena conversa introdutória, fomos então visitar as vinhas. O que eu gosto de andar no terreno. O cheiro, os barulhos, ver os rebentos das videiras e muito mais. Foi-nos explicado a história da herdade, das vinhas, e de como foi plantada a Vinha dos Carapetos, com 29000 pés de videira e todas plantadas à mão, assim como os respectivos buracos abertos também à mão. " Ainda havia mão de obra ", disse John. Foi a primeira herdade em Portugal a plantar Alicante Bouchet, por mão de John, neto de Thomas Reynolds que já tinha negócios no Porto. John, começou com a cortiça, e logo expandiu a herdade para produzir vinho. E que vinho. Mas este vinho, conhecido por todos, só conseguiu deixar ser um vinho de mesa para passar a ser um vinho DOC, Denominação de Origem Controlada, imaginem só, 118 anos depois, e isto deu-se no ano de 2010. Sim, 2010, como pode ser possível. Bem, vejam algumas fotos e, mais abaixo, está a prova.







Adega preparada para nos receber e provar os vinhos escolhidos pelo John Forlyde






Vamos então à prova.

D. Rafael 1996, uma garrafa que John pôs na mesa para vermos a evolução que este vinho teve. Com uma cor castanho alaranjado e límpido, nariz intenso, com notas de madeira e especiarias em destaque. A fruta era passa, seca. Na boca, seco, ligeiro doce de início, de médio corpo, com intensidade médio, ligeira secura no final que se mostrou curto. 15,5

D. Rafael Tinto 2010, Cor violeta, límpido, aberto. No nariz, ligeiro doce, fruta madura, com frutos silvestres como amora e framboesas, notas de madeira e mentol. Na boca, seco, frutado, ligeira secura no final, boa intensidade e de final médio. 15,5

Ponte Canas Colheita 2009, cor rubi, opaco. Fruta madura, compota, alguns fumados, ligeiro doce, balsâmico, com especiarias, intenso. Na boca seco, menos expressivo que no nariz, fruta doce, madeira, alcool em demasia e ainda em desiquilibrio, com secura final presente e tabaco. Não se mostrou com grande potência na boca, esperava mais, mas com o tempo estará melhor. 14,5

Ponte Canas 2006, acastanhado, alcool presente, frutos maduros, esteva, especiado, mentol e cacau. Intensidade média e de final médio. Se o anterior tinha o alcool desajustado por ser novo, este com mais idade ainda se nota ligeiro desajuste, especialmente quando a temperatura subiu mais um pouco. 14,5

Mouchão 1984, apareceu no copo límpido, castanho com rebordo alaranjado. No aromas, couro, cogumelos, ameixa madura, amoras, muito complexo, com ligeiro mentol e tomilho. Na boca, seco, boa estrutura, a dar-nos conversa, com fruta madura, madeira e café. No ponto. 17

Mouchão Colheitas Antigas 2002, violeta de cor, límpido, com aromas de mentol, tinta da china, carvão, fruta madura e madeira. Na boca, seco, bom corpo, com a fruta madura presente e a dizer-nos para a mastigar, ligeira adstringência, intenso e de final longo. Para mim, o melhor. 18

Mouchão 2007, ainda em terras alentejanas, um vinho novo, ainda em plena juventude, com muita fruta, potência, garra, ainda a ser domado. Amoras pretas, pimenta, eucalipto é o que nos entra pelo nariz. Boca cheia, gorda, fruta madura, fresco, intenso e de final longo. 17

O almoço, que foi uns belos secretos bem suculentos e macios, umas costeletas de borrego fabulosas e um entrecosto, tudo na grelha, feita pelo John, que se agarrou às brasas e fez de lá sair estas deliciosas carnes, acompanhou o famoso Arroz Indonésio, que estava simplesmente............sem palavras, uma boa salada de tomate e salada de alface, temperada por nós, com azeite e vinagre da casa. Acompanhou os vinhos da herdade e ainda o D. Rafael Branco 2011, acabado de sair para o mercado, e no final, ainda pudemos apreciar o Mouchão Licoroso 2006, o Mouchão Abafado e um Mouchão Licoroso 1929, que é só para a família e amigos. 

Queria agradecer mais uma vez a todos os que me proporcionaram este dia fantástico.

Obrigado,
Nuno Ciríaco

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